Conheça um pouco mais sobre a vida e as obras deste ícone da arquitetura de São Paulo, Artacho jurado.

Quem passeia pelas ruas de Higienópolis, na capital paulista, hoje em dia, talvez não consiga ter a dimensão de como um homem conseguiu contribuir tanto para a modernização de um dos bairros mais nobres da cidade.

Artacho Jurado é o nome de um arquiteto autodidata responsável pelo projeto e construção de prédios bastante conhecidos, além de ser um empresário e fundador da Construtora Monções, que passou a atuar em São Paulo a partir de 1946.

Fique conosco e confira mais sobre a vida e as obras dessa figura singular que deixou a sua marca em Higienópolis. Confira!

Artacho Jurado: O menino sem estudo

Nascido em 3 de setembro de 1907, em São Paulo, José Artacho Jurado largou os estudos muito novo, por volta dos 11 anos. Segundo a história, seu pai era um anarquista, que tirou os filhos da escola por não concordar com a obrigatoriedade do juramento à bandeira, cerimônia comum naquela época nas escolas.

Por conta disso, começou a trabalhar ainda na adolescência e logo já dava para ver que Jurado tinha o tino necessário para os negócios.

Ao lado do irmão, destacou-se nas feiras de comércio pela cidade, devido a qualidade e beleza de suas barracas e em pouco tempo os dois montaram uma clientela fiel que encomendava este tipo de serviço para eventos temáticos.

O início na construção

Em 1946, os irmãos Jurados decidem fundar uma construtora chamada Construtora Monções. Artacho era um visionário, ótimo negociante e tinha um talento especial para arquitetura, porém, não podia assinar seus projetos, já que não era formado nem em arquitetura e nem em engenharia. Por isso, contava com a ajuda de um colega formado para que suas obras fossem aprovadas.

Certa vez, decidiu construir 50 casas em uma área um pouco longe do centro de São Paulo, mas encontrou resistência, já que a distância era um impeditivo para que as pessoas comprassem os imóveis. Para driblar o problema, Artacho comprou 50 carros e, de maneira brilhante, solucionou a questão que impedia a venda de seus imóveis.

Pouco tempo depois, o autodidata resolveu se aventurar na construção de prédios e o bairro de Higienópolis foi o escolhido para abrigar algumas de suas obras mais famosas e relevantes.

O estilo de Artacho Jurado

Figura polêmica no meio da construção civil de São Paulo, Artacho tinha seu estilo próprio, embora definisse seus projetos como modernistas.

Apesar de ter sim traços comuns dessa época, é evidente que ele valorizava as formas e as cores. Por isso, em diversos prédios encontramos traços mais marcantes, o uso de pilotis e fachadas em cores de destaque.

Outra característica muito interessante e que revolucionou o estilo dos imóveis na cidade foi a projeção de áreas de lazer nos ambientes comuns dos prédios e no planejamento de piscinas privativas nas coberturas. Até então, os locais eram construídos de forma pouco funcional, mas após a ousadia de Artacho, diversos arquitetos adotaram essa ideia em seus projetos.

Arquiteto maldito?

É inegável que José Artacho Jurado foi um símbolo da arquitetura em Higienópolis, em outros bairros de São Paulo e até na cidade de Santos, porém, sua figura sempre esteve atrelada a polêmicas e discussões, afinal, ele foi um profissional autodidata.

As críticas vinham de todos os lados e a principal era a de que ele usava um engenheiro para assinar suas obras era algo antiético e por isso, deveria parar com essa prática.

Além dessa, muitos falavam mal do estilo de suas obras e o consideravam brega por misturar formas e fugir do padrão de cores comuns à época.

Por conta dessas e outras polêmicas, Artacho era conhecido pelos críticos como “Arquiteto maldito”.

As obras de Artacho Jurado

O crescimento dos apartamentos em Higienópolis se deve muito pelo trabalho de uma vida toda de Jurado, por isso, listamos algumas de suas principais obras, veja:

Edifício Bretagne: Sem dúvida o Bretagne é uma obra que reflete o estilo de Artacho com mais primor. Seu formato em L foi bastante comentado na época em que foi construído, em 1958. Além disso, possui salão de festa, piscina, vaga para 150 carros, jardim, restaurante e um piano-bar. Desde 1995 o imóvel é tombado pelo Condephaat.

Edifício Parque das Acácias (APRACS): É um prédio que foi projetado seguindo o mesmo estilo que o famoso Bretagne, só que destaca-se por ter metragem menor. A ótima localização é um dos diferenciais do imóvel e curiosamente teve seu nome alterado depois de ter sido comprado pela família Scarpa.

Edifício Cinderela: Construído em 1956, o Edifício Cinderela é mais um de um currículo extenso de Artacho. São 10 andares de puro charme e estilo inconfundível. Todos os apartamentos possuem sacada extensa, o que faz toda a diferença para os moradores que desejam apreciar a vista da rua, que é coberta de árvores.

Edifício Piauí: A entrada imponente com pilotis dão a dica de como o prédio e seus apartamentos são por dentro. No Edifício Piauí, há um salão de festa e um bar na área comum do imóvel. As residências seguem o estilo da época, com amplas salas e quartos, além, é claro, de uma varanda generosa.

Conclusão

Como vimos, Artacho foi um sujeito único, profissional autodidata que teve sua carreira sempre apontada pelas críticas. Porém, é impossível não considerá-lo um personagem marcante e que contribuiu muito para o crescimento de um dos bairros mais nobres de São Paulo.

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